João Pedro Sousa desfez-se em elogios ao Gil Vicente, mas não se subjuga ao valor e momento do adversário. O AFS quer recuperar na tabela, mostra evolução a cada semana e entrará em campo com um único propósito.
O excelente momento do Gil Vicente FC, atual 4º classificado na I Liga e com apenas duas derrotas (FC Porto e Benfica) no campeonato abriu a Conferência de Imprensa de antevisão ao jogo de João Pedro Sousa. Aliás, o valor dos gilistas foi muitas vezes assunto, ora pelos jornalistas, ora pelo treinador, mas a convicção de que o AFS está preparado para atacar a primeira vitória na Liga foi muito mais dominante. João Pedro Sousa socorre-se da evolução patente a cada semana para o justificar. E aponta até ao jogo anterior para valorizar o ponto ganho e a forma como este foi conquistado. No grupo há o sentimento comum de crença e de confiança. Mesmo contra um rival duro, a “competitividade e a ambição” vão estar presentes. “É nossa obrigação”, vincou o treinador, logo a abrir 15 minutos em que falou sobre tudo, desde o jogo até Pablo Felipe, o avançado que chamou para treinar com 16 anos e agora é o melhor marcador da Liga, mas também sobre Rúben Semedo e Carlos Ponck.
EXPECTATIVAS PARA O JOGO: “Jogo difícil e seguramente importante. Nesta fase, qualquer que seja o adversário, o jogo é muito importante. O Gil Vicente impressiona e destaca-se pelos seus números, além da própria qualidade do seu jogo, de que nem preciso de falar. Só perdeu e sofreu contra FC Porto e Benfica e isso também diz muito. É uma equipa competente e que está moralizada. Mas há coisas que só dependem de nós. Temos de ser competitivos, como fomos em vários momentos do jogo anterior, e ter a ambição de disputar o jogo e tentar vencê-lo. É a nossa obrigação.”
GIL VICENTE: “Há momentos do jogo em que temos de ser tão competentes como o nosso adversário, em coisas básicas como na reação à perda da bola, reação ao ganho da bola, a nossa organização defensiva, a forma compacta como temos que jogar. Em todos estes pontos o nosso adversário é muito forte e temos de ser, no mínimo, tão competentes como eles, para depois sim conseguirmos equilibrar em alguns momentos do jogo. Temos de ser muito concentrado e agarrar-nos a muitas coisas que fizemos no último jogo. Temos confiança no nosso trabalho e no que temos preparado para o jogo. A nossa forma de trabalhar é fazê-lo à nossa imagem, mas olhando sempre para o adversário. Só assim conseguiremos melhorar o nosso jogo e ter bons resultados. Vai ser um jogo muito exigente, de concentração máxima. Uma equipa que nestas 10 jornadas tem o impacto que tem na nossa Liga, tem de ser muito competente em todos os momentos, seja ataque posicional, transição defensiva, bolas paradas. Em todos estes momentos temos de ser muito rigorosos e competentes.”
EVOLUÇÃO DO AFS: “Temos de tentar trazer para este jogo, frente a um adversário muito competente, muito do que fizemos no último jogo, que foi melhor do que os anteriores. É assim que nós percebemos que estamos a evoluir e daí vem também a convicção que poderemos vencer em breve e iniciar a nossa recuperação o mais rapidamente possível. Disse aos jogadores que em largos períodos do jogo deixámos de jogar mal e pouco. No início jogávamos mal e pouco. Neste jogo já jogámos o que queríamos jogar, tivemos momentos muito positivos ofensiva e defensivamente. Temos que pegar neles e esticá-los ao máximo. Mesmo em termos emocionais, a forma como reagimos aos golos é diferente. É a estas coisas que nos agarramos durante a semana.”
PABLO FELIPE: “Tive a felicidade de trabalhar com o Pablo em 2019, tinha ele 16 anos, salvo erro. Ele jogava alguns escalões acima e nós defrontámos a nossa equipa de Sub-23. Ele deu-nos muito tarbalho e eu pensei que ou os nossos centrais eram fracos, ou ele era muito bom jogador. Optei pela a segunda hipótese e chamei-o para treinar connosco. Depois há um longo processo e penso que agora foi bom para ele sair do Famalicão e ir para o Gil. Sei os pontos fortes que ele tem e ao conhecê-los é sempre uma boa ajuda para o tentar anular. No entanto, o Pablo está num coletivo que o ajuda a ser o que é hoje. Sem o coletivo ele não teria estes números. E o nosso foco é claramente o coletivo, que passa também muito pelo Pablo, pelos apoios frontais, por situações de jogo na área em que ele se posiciona e finaliza bem, quer com o pé quer com a cabeça.”
RÚBEN SEMEDO: “Sim, o Rúben já nos ajudou. Tem a ver com as características inatas do Rúben, pelo perfil dele e pelas características do nosso plantel. Tem capacidade de liderança e experiência competitiva e isso nota-se, apesar de ele ainda ter falta de ritmo competitivo. Mas os detalhes anteriores, que são importantes no futebol, são ainda mais na nossa realidade. E isso reflete-se em jogo e até durante a semana.”
CARLOS PONCK: “O Ponck também chegou destreinado e com algum peso a mais, mas também nos vai trazer as características que trouxe o Rúben. Olho para ele como peça do corredor central, nomeadamente central, sendo que também pode jogar como médio defensivo ou, esporadicamente, até a lateral. Reparem que o Sidi, que é central, agora jogou no corredor. Portanto não tenho muitos centrais. Aliás, o Sidi fez um excelente jogo como lateral e estou muito satisfeito com ele, apesar do erro que cometeu.”
EMPATE DA ÚLTIMA JORNADA: “Claro que queremos ganhar porque estamos muito atrasados e longe da equipa que está acima de nós, que curiosamente é o nosso último adversário. Mas nesse empate vejo mais coisas positivas do que negativas. Vínhamos de muitas derrotas, por isso foi melhor. Mas essencialmente pelo jogo que fizemos: os momentos que tivemos, a forma como reagimos aos golos sofridos, a forma como jogámos no meio.campo do adversário, o tempo qiue tivemos no último terço ofensivo, algo que tínhamos dificuldades, fomos mais fortes na organização defensiva. E isso não aconteceu ‘apenas’, foi reflexo da forma como trabalhámos e preparámos o jogo. As coisas funcionartam e os jogadores estão a sentir-se confortáveis, acreditam nesta forma de jogar e, por isso, estamos todos com a ambição de que podemos dar a volta às coisas.”
OSCAR PEREA: “Quando cheguei nao tinha o Perea, trabalhei com ele uma semana e pouco e não conseguia perceber como ele iria reagir à competição e à forma como jogámos. A resposta foi muito boa.”
ERROS INDIVIDUAIS: “Há momentos do jogo que eu sei que não consigo controlar. O Tomané, por exemplo, em 1×0 com o guarda-redes adversário a fazer uma defesa monstruosa; o penálti do Sidi que é claro que ele não quer fazer penálti, a situação do Grau nos Açores… Claro que são situações que eu não posso controlar e, por isso, não perco muito tempo a pensar nelas. Dificilmente se vão repetir. Os erros individuais acontecem, às vezes sentimo-nos impotentes, mas são coisas que nãoo podemos treinar. Não posso agora treinar lances como o do Sidi e pedir-lhe para meter a mão no bolso. Os jogadores precisam de ter jogos e depois anos de experiência para minimizarem o erro. Às vezes há apostas em jogadores com potencial, mas poucos minutos a este nível. O Sidi tem muito potencial, daqui a dois anos será muito melhor, mas não vai deixar de cometer erros, porque tem de passar por este processo até chegar ao rendimento pleno.”